Esporte Escolar X Esporte Rendimento
Silvia Stelmastchuk
Sueli Carrijo Rodrigues
Esportes Educacionais
O principal equívoco histórico do entendimento do esporte-educação é a sua percepção como um ramo do esporte rendimento. Nesta percepção equivocada, as competições escolares, que deveriam ter um sentido educativo, em vez disto, simplesmente reproduzem as competições de alto nível, com todas suas características, inclusive com seus vícios deformando qualquer conceituo de educação. A educação, que tem um fim eminentemente social, ao compreender o esporte como manifestação educacional, tem que exigir do chamado esporte-educação um conteúdo fundamentalmente educativo.
Na argumentação de que o esporte na escola pode ser um dos meios mais efetivos de formação de jovens, a prática esportiva como educação social será indispensável nos seus processos de emancipação. Embora exista literaturas ( Kunz, 2004, Bracht, 2003, Tubino,2001 ) na defesa o esporte-educação desvinculado de padrões de rendimento e somente com compromisso educativo, as experiências ainda são escassas. Uma das experiências aceita nesse sentido foi a desenvolvida no Brasil,em 1989,nos Jogos Escolares Brasileiros, com cerca de aproximadamente 3600 estudantes participantes, sob responsabilidade do próprio autor, que na ocasião dirigia a antiga secretaria da Educação Física e Desportos, ligada ao Ministério da Educação. Naquela oportunidade, juntamente com educadores brasileiros, foi possível desenvolver aqueles jogos, com referência em cinco princípios sócio-educativos que foram: o princípio da participação,o principio da cooperação, o princípio da co-educação, o princípio da integração e o principio da co-gestão ou da responsabilidade.
Desta maneira podemos registrar que, o esporte-educação com sua responsabilidade de conteúdo no sentido de formação, já é uma questão sócio-educativa que cada dia passa a receber e provocar discussões mais profundas.O Programa Segundo Tempo se encaixa no esporte educação e tem como públicoalvo crianças, adolescentes e jovens expostos aos riscos sociais. Promover encontro de abrangência nacional dos parceiros do Ministério do Esporte no Programa Segundo Tempo, com vistas a aprofundar os debates sobre o esporte como fator de inclusão social, discutir os procedimentos de implantação, desenvolvimento e gestão.
OBJETIVOS
a) Fortalecer o envolvimento e o compromisso de gestores e coordenadores-gerais com o Programa Segundo Tempo;
b) Promover a reflexão como referencial para intervenção na realidade;
b) Promover a reflexão como referencial para intervenção na realidade;
c) Promover a difusão do conhecimento e conteúdos do esporte;
d) Qualificar recursos humanos para coordenar e ministrar as atividades esportivas;
e) Difundir a proposta pedagógica, visando sua observância e o controle social;
f) Realizar debates abordando as temáticas transversais ligados ao esporte educacional;
g) Propor Plano de Capacitação Descentralizado, definindo metas para o exercício de
2007;
h) Desenvolver o estimulo a atividades produtivas e dedicação a uma aprendizagem
continuada;
i) Favorecer a interatividade com os outros atores do Programa Segundo Tempo;
j) Tornar o gestor bem preparado para enfrentar os desafios da gestão de convênios,
melhorando a qualidade e eficiência dos serviços prestados à sociedade.
Justificativa
O Ministério do Esporte, ao implantar o Programa Segundo Tempo como uma de suas linhas prioritárias, pretendeu democratizar o acesso à prática esportiva por meio de atividades realizadas no contra-turno escolar com a finalidade de colaborar para a inclusão social, bem-estar físico, promoção da saúde e desenvolvimento de crianças e adolescentes, portadores de necessidades especiais, comunidades indígenas, quilombolas e afro-descendentes que encontram-se dentro e fora da escola, principalmente em situação de vulnerabilidade social. Essa é uma tarefa de grandes dimensões, porque passa pela mudança de conceito sobre o papel que a atividade esportiva e de lazer desempenham. Trata-se de quebrar mitos e preconceitos e de assegurar maior transparência e participação popular no processo da gestão governamental.Para que o esporte educacional seja valorizado é preciso identificar e integrar os agentes nas esferas federal, estadual e municipal, definir seus papéis e suas responsabilidades, como também integrar no processo as escolas, empresas, entidades de classe, ONGs e as entidades gestoras do esporte.
Esportes participação
O Esporte-participação ou popular tem relações íntimas com o lazer e o tempo livre. Esta manifestação, que ocorre em espaços não comprometidos com o tempo e fora de obrigações da vida diária, de modo geral, tem como propósitos a descontração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e as relações entre as pessoas. Também oferece oportunidades de liberdade a cada praticante, a qual inicia na própria participação voluntária. A outra face de notável relevância social do esporte-participação é relativa à questão da participação, considerada como um aspecto essencial de democratização. O esporte-participação como a própria denominação sugere, ao promover a participação e ao obter sucesso neste seu objeto principal, pode-se afirmar, equilibra o quadro de desigualdades de oportunidades esportivas, encontrado na dimensão do esporte rendimento. Enquanto o esporte-rendimento só permite sucesso aos talentos ou àqueles que tiveram condições, o esporte-participação, ao contrário, favorece o prazer a todos que dele desejarem tomar parte. Exemplos são os projetos políticos sociais se engajam na demanda sócio-esportiva do país, firmando novas parcerias com os mais diversos setores, que juntos visam contribuir efetivamente para o combate das mazelas de nossa sociedade, e que conseqüentemente irão agregar valores inestimáveis às suas marcas, e inerentes a essa ação, como: Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Governança.
A parceria firmada entre o Ministério do Esporte e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA, possibilita a captação de recursos incentivados junto a pessoas físicas e jurídicas, as quais poderão direcionar suas doações aos Projetos Esportivos Sociais aprovados de sua preferência, por meio de depósitos em conta específica no Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente, conforme disposto no Art. 260 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Ressaltamos que as doações realizadas por pessoas jurídicas não têm influência nas aplicações feitas às leis de incentivo à cultura, ou seja, Lei Rouanet e Áudio-visual. Diante de um país em que os problemas sociais devem ser a principal preocupação dos governantes, temos o dever moral e ético de exercermos a Responsabilidade Social, principalmente no que tange à democratização do acesso ao esporte e ao lazer para a infância e a adolescência. Tais conceitos estão presentes no Art. 227 da Constituição Federal, no Art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, e na Carta dos Direitos da Criança no Esporte - Avignone. Reconhecido sua importância, esse tema é constante nas discussões entre o Governo Federal e organismos internacionais como a Unesco, Unicef e ONU. É sabido que as classes menos favorecidas sempre viram o esporte como uma forma de galgar posições na vida, de superar barreiras da ascensão social e de, potencialmente, obter sucesso. Comprovadamente, na atualidade, sabemos que é muito mais que isso... Fazer e produzir esporte é gerar mais saúde, mais equilíbrio, e é principalmente um importante instrumento para capacitar pessoas a ingressarem construtivamente na sociedade. A Ação Projetos Esportivos Sociais dá oportunidade para ampliarmos o atendimento.
Esportes Rendimento
Dimensão social do esporte que exerce efeitos importantes na sociedade. Por exigir uma organização complexa de investimento, o esporte rendimento, cada vez mais, passa a ser de responsabilidade de iniciativa privada. Traz consigo o propósito de novos êxitos esportivos, a vitória sobre os adversários nos mesmos códigos, e é exercido sob regras preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade. O que impede de ser considerada uma ação democrática, é que ele tem uma tendência natural para que seja praticado principalmente pelos chamados talentos esportivos.
É no esporte rendimento que se encontra a crítica aguda ao esporte, principalmente pelos autores que combatem o capitalismo, que consideram parte da competição e suas vinculações com negócios financeiras sintomas evidentes de um capitalismo exacerbado. Como exemplo do esporte rendimento apresentamos a rede CENESP que é composta pelas estruturas físicas e administrativas, recursos humanos e materiais existentes nas instituições de ensino superior, onde os centros ou núcleos estão implantados. Cada CENESP é formado em estreita parceria com a Secretaria Nacional de Esporte, o Comitê Olímpico Brasileiro, o Comitê Para olímpico Brasileiro, com as entidades de administração do desporto em nível local, estadual e nacional, e com a iniciativa privada, como prestadores de serviços à comunidade esportiva em geral. O processo de implantação abrange todas as regiões geográficas, respeitando-se suas
peculiaridades.
Kênia Carneiro- Acadêmica de Educação Física.
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