domingo, 28 de outubro de 2012



Esporte Escolar X Esporte Rendimento

Silvia Stelmastchuk
Sueli Carrijo Rodrigues

Esportes Educacionais
O  principal  equívoco  histórico  do  entendimento  do  esporte-educação  é  a sua percepção  como  um ramo  do  esporte  rendimento.  Nesta  percepção  equivocada,  as competições  escolares,  que  deveriam  ter  um  sentido  educativo,  em  vez  disto, simplesmente reproduzem as competições de alto nível, com todas suas características, inclusive com seus vícios deformando qualquer conceituo de educação. A educação, que tem um fim eminentemente social, ao compreender o esporte como manifestação  educacional,  tem que exigir do chamado esporte-educação um conteúdo fundamentalmente educativo.
Na argumentação de que o esporte na escola pode ser um dos meios mais efetivos de formação de jovens, a prática esportiva como educação social será indispensável nos seus processos de emancipação. Embora exista literaturas ( Kunz, 2004, Bracht, 2003, Tubino,2001 ) na defesa o esporte-educação desvinculado de padrões de rendimento e somente com compromisso educativo, as experiências ainda são escassas. Uma das experiências aceita nesse sentido foi a desenvolvida no Brasil,em 1989,nos Jogos Escolares Brasileiros, com cerca de  aproximadamente  3600  estudantes  participantes,  sob  responsabilidade  do  próprio autor, que na ocasião dirigia a antiga secretaria da Educação Física e Desportos, ligada ao Ministério da Educação. Naquela oportunidade, juntamente com educadores brasileiros, foi possível desenvolver aqueles jogos, com referência em cinco princípios sócio-educativos  que  foram:  o  princípio  da  participação,o  principio  da  cooperação,  o princípio da co-educação, o princípio da integração e o principio da co-gestão ou da responsabilidade.
Desta  maneira  podemos  registrar  que,  o  esporte-educação  com  sua responsabilidade de conteúdo no sentido de formação, já é uma questão sócio-educativa que cada dia passa a receber e provocar discussões mais profundas.O Programa Segundo Tempo se encaixa no esporte educação e tem como públicoalvo crianças, adolescentes e jovens expostos aos riscos sociais. Promover encontro de abrangência  nacional  dos  parceiros  do  Ministério  do  Esporte  no  Programa  Segundo Tempo, com vistas a aprofundar os debates sobre o esporte como fator de inclusão social, discutir os procedimentos de implantação, desenvolvimento e gestão.
OBJETIVOS
a) Fortalecer o envolvimento e o compromisso de gestores e coordenadores-gerais com o Programa Segundo Tempo;
b) Promover a reflexão como referencial para intervenção na realidade;
c) Promover a difusão do conhecimento e conteúdos do esporte;
d) Qualificar recursos humanos para coordenar e ministrar as atividades esportivas;
e) Difundir a proposta pedagógica, visando sua observância e o controle social;
f) Realizar debates abordando as temáticas transversais ligados ao esporte educacional;
g) Propor Plano de Capacitação Descentralizado, definindo metas para o exercício de
2007;
h) Desenvolver o estimulo a atividades produtivas e dedicação a uma aprendizagem
continuada;
i) Favorecer a interatividade com os outros atores do Programa Segundo Tempo;
j) Tornar o gestor bem preparado para enfrentar os desafios da gestão de convênios,
melhorando a qualidade e eficiência dos serviços prestados à sociedade.
Justificativa
O Ministério do Esporte, ao implantar o Programa Segundo Tempo como uma de suas linhas prioritárias, pretendeu democratizar o acesso à prática esportiva por meio de atividades  realizadas  no  contra-turno  escolar  com  a  finalidade  de  colaborar  para  a inclusão social, bem-estar físico, promoção da saúde e desenvolvimento de crianças e adolescentes,  portadores  de  necessidades  especiais,  comunidades  indígenas, quilombolas  e  afro-descendentes  que  encontram-se  dentro  e  fora  da  escola, principalmente em situação de vulnerabilidade social. Essa é uma tarefa de grandes dimensões, porque passa pela mudança de conceito sobre o papel que a atividade esportiva e de lazer desempenham. Trata-se de quebrar mitos  e  preconceitos  e  de  assegurar  maior  transparência  e  participação  popular  no processo da gestão governamental.Para que o esporte educacional seja valorizado é preciso identificar e integrar os agentes  nas  esferas  federal,  estadual  e  municipal,  definir  seus  papéis  e  suas responsabilidades, como também integrar no processo as escolas, empresas, entidades de classe, ONGs e as entidades gestoras do esporte.
Esportes participação
O Esporte-participação ou popular tem relações íntimas com o lazer e o tempo livre. Esta manifestação,  que  ocorre  em  espaços  não  comprometidos  com  o  tempo  e  fora  de obrigações  da  vida  diária,  de  modo  geral,  tem  como  propósitos  a  descontração,  a diversão, o desenvolvimento pessoal e as relações entre as pessoas. Também oferece oportunidades  de  liberdade  a  cada  praticante,  a  qual  inicia  na  própria  participação voluntária. A outra face de notável relevância social do esporte-participação é relativa à questão da participação, considerada como um aspecto essencial de democratização. O esporte-participação como a própria denominação sugere, ao promover a participação e ao  obter  sucesso  neste  seu  objeto  principal,  pode-se  afirmar,  equilibra  o quadro  de desigualdades  de  oportunidades  esportivas,  encontrado  na  dimensão  do  esporte rendimento. Enquanto o esporte-rendimento só permite sucesso aos talentos ou àqueles que tiveram condições, o esporte-participação, ao contrário, favorece o prazer a todos que dele desejarem tomar parte. Exemplos são os projetos políticos sociais se engajam na demanda sócio-esportiva do  país,  firmando  novas  parcerias  com  os  mais  diversos  setores,  que  juntos  visam contribuir  efetivamente  para  o  combate  das  mazelas  de  nossa  sociedade,  e  que conseqüentemente irão agregar valores inestimáveis às suas marcas, e inerentes a essa ação, como:  Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Governança.
A parceria firmada entre o Ministério do Esporte e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA, possibilita a captação de recursos incentivados junto a pessoas físicas e jurídicas, as quais poderão direcionar suas doações aos Projetos Esportivos  Sociais  aprovados  de  sua  preferência,  por  meio  de  depósitos  em  conta específica no Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente, conforme disposto no Art. 260 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Ressaltamos que as doações realizadas por pessoas jurídicas não têm influência nas aplicações feitas às leis de incentivo à cultura, ou seja, Lei Rouanet e Áudio-visual. Diante  de  um  país  em  que  os  problemas  sociais  devem  ser a  principal preocupação  dos  governantes,  temos  o  dever  moral  e  ético  de  exercermos  a Responsabilidade Social, principalmente no que tange à democratização do acesso ao esporte e ao lazer para a infância e a adolescência. Tais conceitos estão presentes no Art. 227 da Constituição Federal, no Art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, e na Carta dos Direitos da Criança no Esporte - Avignone. Reconhecido sua importância, esse tema é constante nas discussões entre o Governo Federal e organismos internacionais como a Unesco, Unicef e ONU. É sabido que as classes menos favorecidas sempre viram o esporte como uma forma  de  galgar  posições  na  vida,  de  superar  barreiras  da  ascensão  social  e  de, potencialmente, obter sucesso. Comprovadamente, na atualidade, sabemos que é muito mais  que  isso...  Fazer  e  produzir  esporte  é  gerar  mais  saúde,  mais  equilíbrio,  e  é principalmente  um  importante  instrumento  para  capacitar  pessoas  a  ingressarem construtivamente na sociedade. A  Ação  Projetos  Esportivos  Sociais  dá  oportunidade  para  ampliarmos  o atendimento.
Esportes Rendimento 
Dimensão social do esporte que exerce efeitos importantes na sociedade. Por exigir uma organização complexa de investimento, o esporte rendimento, cada vez mais, passa a ser de responsabilidade de iniciativa privada. Traz consigo o propósito de novos êxitos esportivos, a vitória sobre os adversários nos mesmos códigos, e é exercido sob regras preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade. O que impede de ser considerada uma ação democrática, é que ele tem uma tendência natural para que seja praticado principalmente pelos chamados talentos esportivos.

É  no  esporte  rendimento  que  se  encontra  a  crítica  aguda  ao  esporte, principalmente pelos autores que combatem  o capitalismo,  que consideram parte da competição  e  suas  vinculações  com  negócios  financeiras  sintomas  evidentes  de  um capitalismo exacerbado. Como exemplo do esporte rendimento apresentamos a rede CENESP que é composta pelas estruturas físicas e administrativas, recursos humanos e materiais existentes nas instituições de ensino superior, onde os centros ou núcleos estão implantados. Cada CENESP é formado em estreita parceria com a Secretaria Nacional de Esporte, o Comitê  Olímpico  Brasileiro,  o  Comitê  Para  olímpico  Brasileiro,  com  as  entidades  de administração do desporto em nível local, estadual e nacional, e com a iniciativa privada, como prestadores de serviços à comunidade esportiva em geral. O processo de implantação abrange todas as regiões geográficas, respeitando-se suas
peculiaridades.

Kênia Carneiro- Acadêmica de Educação Física. 

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